Fotógrafa pernambucana é a 1ª mulher negra a vencer concurso nacional de fotografias etnográficas

Uenni, conquistou o 1º lugar na 2ª edição do Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas na categoria Série Fotográfica, com a obra “Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada de Pernambuco”

Da Redação

A fotógrafa pernambucana Wenny Mirielle Batista Misael acaba de escrever um importante capítulo na cena fotográfica brasileira ao se tornar a primeira mulher negra a conquistar o 1º lugar na 2ª edição do Prêmio Mário de Andrade de Fotografias Etnográficas, organizado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Autodidata desde os 15 anos de idade, a jovem venceu a premiação na categoria Série Fotográfica, com a obra “Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada de Pernambuco”.

Oriunda da periferia de Santo Amaro, no Recife (PE), Uenni, como é conhecida artisticamente, buscou expressar através da arte seu olhar singular sobre o ritual sagrado do Terreiro Axé Talabi, em Paratibe, Paulista (PE), casa da qual faz parte. A série premiada é composta por fotos que, registradas ao longo de dois anos consecutivos, capturam de forma respeitosa e espetacular a força e a sacralidade do ritual que celebra a sabedoria ancestral dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada.

As fotografias capturam momentos de contemplação que revelam a riqueza nos detalhes e a sensibilidade do ritual: pés descalços em contato com o chão de barro, velas iluminando o altar e Mãe Lú, a ialorixá da casa, entoando cânticos que preservam tradições ancestrais. Na descrição da série, Uenni define o Canjerê como “um encontro com o sagrado enraizado nas terras pernambucanas”.

A conquista de Uenni no prêmio ganha ainda mais relevância devido à abrangência nacional do concurso, organizado pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, instituição vinculada ao Iphan. Dividido em duas modalidades (Fotografia Individual e Série Fotográfica), o prêmio recebeu mais de 400 inscrições apenas na categoria disputada pela fotógrafa pernambucana. Os três primeiros colocados de cada modalidade foram contemplados com prêmios em dinheiro nos valores de R$15 mil, R$12 mil e R$8 mil, além de seis menções honrosas concedidas pelo júri.

“Eu nunca imaginei que fosse sequer receber uma menção honrosa, considerando a dimensão nacional do prêmio. Não tenho diploma que comprove que sou fotógrafa, nem os melhores equipamentos do mundo. Muito menos a possibilidade de viver fotografando o que gosto, que é terreiro. Mas tenho a fé, a espiritualidade e o desejo de continuar me movimentando sem passar a perna em ninguém.”, revela Uenni, que começou a ganhar dinheiro com a fotografia a partir dos 19 anos.

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