Quatro jovens com idades entre 18 e 21 anos foram presos, ouvidos e liberados logo em seguida pela Justiça espanhola
Por Daiane Oliveira
Imagem: Jose Breton/Getty Images
A Justiça da Espanha, que liberou quatro dos sete presos pelo crime de racismo contra o jogador Vinícius Jr. poucos dias após a prisão, convocou o atleta para depor na última sexta-feira (26). Vini Jr prestará depoimento por videoconferência, enquanto seguranças do estádio e os acusados pelo crime devem voltar a depor diante da Justiça
Três homens foram presos pela polícia da Espanha acusados de ato racista contra o brasileiro durante a partida de futebol entre o Valencia e o Real Madrid no domingo (21) e outros quatro homens foram presos pelo enforcamento do boneco que simbolizava o atleta em janeiro deste ano. No entanto, quatro dos sete presos foram ouvidos e liberados.
Segundo os jornais “EFE” e “ABC”, após terem acesso à fontes internas na polícia, foi confirmado que os criminosos estavam em liberdade e cientes de que podem ser chamados pela Justiça a qualquer momento para desdobramentos do caso. Três dos acusados possuem idade entre 18 e 21 anos e foram detidos em casa após serem identificados pelo Valencia. Os nomes e fotos dos homens não foram divulgados.
O novo episódio de racismo com repercussão mundial e sanções financeiras para a competição espanhola LaLiga, como a retirada de patrocínio do banco Santander, forçou que atitudes fossem tomadas resultando na última terça-feira (23) nas prisões dos acusados pelo racismo. No entanto, a liberação rápida dos criminosos mostra como o racismo, seja no Brasil ou na Espanha, segue sem o rigor legal.
O clube Valencia emitiu comunicado oficial informando cooperar com a polícia para “eliminar o racismo no Mestalla” e que continua identificando os torcedores que chamaram Vini Jr. de macaco na partida válida pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol.
Em uma postagem na rede social, Vini Jr. questiona o argumento de que o racismo recorrente que vem sofrendo no país seria um fato isolado e cobra ações de criminalizar os responsáveis e penalizar os clubes.
“O discurso sempre cai em “casos isolados”, “um torcedor”. Não, não são casos isolados. São episódios contínuos espalhados por várias cidades da Espanha (e até em um programa de televisão). O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes? Por que os patrocinadores não cobram a La Liga? As televisões não se incomodam de transmitir essa barbárie a cada fim de semana?”, desabafou o atleta.