Mulher detida por injúria racial contra estudantes na UFBA é solta e responderá em liberdade

Na véspera do Dia da Consciência Negra, crime mobilizou equipe de saúde e segurança no campus do Canela, em Salvador (BA)

Por Karla Souza

Três estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) denunciaram uma mulher, identificada como Roseane Fraga, por injúria racial e transfobia em um caso ocorrido na última terça-feira (19), no ponto de distribuição de alimentos e no Pavilhão de Aulas (PAC) do campus do Canela, em Salvador (BA). A Polícia Civil autuou a Roseane em flagrante pelos crimes de racismo e prática de discriminação. Hoje (21), a Justiça concedeu liberdade provisória à suspeita.

A decisão incluiu a imposição de medidas cautelares, entre elas o recolhimento domiciliar noturno, das 20h às 6h, e a proibição de contato ou aproximação das vítimas, com exigência de uma distância mínima de 50 metros.

Além disso, Roseane deverá comparecer a todos os atos processuais, manter o endereço atualizado, não se ausentar do distrito da culpa sem autorização judicial, e realizar comparecimento bimestral em Juízo pelo período de um ano. Também foi determinado que, no prazo de cinco dias, ela se apresente ao Juízo responsável pelo auto de prisão em flagrante.

Entenda o caso

De acordo com estudantes, o episódio teve início no restaurante universitário (RU). Maria Aparecida da Silva Costa, secretária de organização do Diretório Central dos/as Estudantes da UFBA (DCE), explicou ao G1 que o conflito ocorreu devido à distribuição de fichas de alimentação gratuitas para estudantes bolsistas. Segundo Maria, ao saber que as fichas tinham acabado, a Fraga passou a atacar verbalmente os estudantes negros, afirmando que eles “não deveriam estar na universidade” e que “negros comiam com migalhas do bolso dela”. A situação escalou com mais ofensas discriminatórias direcionadas a alunos negros e a uma estudante transexual, que foi chamada de “marginal de saia”.

Ainda segundo Maria, a Roseane, estudante de Fonoaudiologia, fez outro comentário racista ao se deslocar para o PAC, ao dizer a um aluno negro que ele deveria “voltar para o navio negreiro e receber chicotadas”. Estudantes presentes no local presenciaram os ataques, que resultaram no encaminhamento dos envolvidos para a Central de Flagrantes, onde foram registrados os depoimentos.

A gravidade da situação levou ao acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e de uma equipe psiquiátrica. A Polícia Civil confirmou que a suspeita foi autuada pelos crimes e submetida a exames legais antes de ficar à disposição da Justiça.A UFBA emitiu nota lamentando o ocorrido e reafirmando seu compromisso com a pluralidade e inclusão.

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