Pesquisa pioneira do Hupes-UFBA para tratamento da acne em homens negros trans ganha prêmio nacional de dermatologia

Iniciativa pioneira do grupo de pesquisa Endogen foi vencedora do Prêmio Dermatologia + e pretende beneficiar 50 pacientes
Imagem: Divulgação

Por Matheus Souza

Um estudo dermatológico inédito voltado ao tratamento da acne em homens trans negros realizado pelo Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conquistou o Prêmio Dermatologia + Inclusiva, promovido pelo Grupo L’Oréal Brasil. A entrega ocorreu neste mês, durante o 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, em Salvador (BA).

O projeto, coordenado pelo grupo Endogen (Endocrinologia & Gênero) da UFBA, será realizado no Ambulatório Transexualizador da universidade, em parceria com o Serviço de Dermatologia do hospital. O objetivo é beneficiar mais de 50 participantes com tratamento para acne, problema que afeta até 85% dos homens trans no primeiro ano da transição, induzida por terapia hormonal de afirmação de gênero..

 À Afirmativa, a endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Transexualizador da UFBA, Luciana Oliveira, explica que a ideia para o projeto de pesquisa surgiu da constatação de que a maioria dos pacientes trans que utilizam a testosterona acabam desenvolvendo acne. além de ter sido considerado o fato de Salvador ter mais de 80% da sua população autodeclarada como negra. “A pesquisa foi concebida com foco na eficácia de dermocosméticos que possam tratar e prevenir o aparecimento da acne em pele negra por conta da terapia hormonal”, explicou.

Outro ponto destacado pela pesquisadora, para além da importância do prêmio, é a escuta da comunidade trans. “A visibilidade do prêmio com certeza irá ajudar, mas a população trans que é atendida nos ambulatórios de Salvador tem sido muito colaborativa. Esses indivíduos compreendem que a ciência está defasada em relação a conhecimentos sobre a comunidade”, enfatiza Luciana. A médica salienta que é preciso capacitar os profissionais de saúde sobre o atendimento a esse público e que, para isso, é imprescindível a participação direta das pessoas trans.

A pesquisa – que irá coletar dados e acompanhar pacientes por dois meses – também pretende contribuir no desenvolvimento de protocolos dermatológicos voltados às necessidades individuais da pele negra e da população trans. Além disso, o grupo de pesquisa Endogen, também comandado por Luciana, elabora outros projetos envolvendo o efeito dos hormônios sobre o corpo de pessoas trans, não binárias e travestis.

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