Revista Afirmativa abre inscrições para o Lab de Narrativas por Reparação e Bem Viver, voltado a comunicadoras e jornalistas negras

O projeto traz um conjunto de formações técnicos e políticos da comunicação, do jornalismo e dos movimentos sociais, e visa fortalecer o campo de comunicadoras engajadas na construção da 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras
Lab Afirmativa por Reparação e Bem Viver

Estão abertas as inscrições para o Lab Afirmativa por Reparação e Bem Viver, uma formação voltada a comunicadoras negras de organizações sociais negras, jornalistas e estudantes de jornalismo negras de todo o país, com prioridade para os estados do Nordeste. A iniciativa busca realizar um processo de formação e imersão com as participantes abordando temas técnicos e políticos da comunicação, do jornalismo e dos movimentos sociais, para fortalecer tanto o movimento de mulheres negras quanto a prática jornalística com expertise política, no âmbito do fortalecimento da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver – que acontecerá em novembro deste ano, em Brasília. 

Serão oferecidas 20 vagas, sendo 10 para comunicadoras de organizações negras e 10 para jornalistas ou estudantes de jornalismo negras. As interessadas devem se inscrever até o dia 26 de maio através deste formulário

Reconhecendo a comunicação como um princípio político e estruturante das lutas sociais — e não apenas como uma ferramenta técnica —, o Lab será desenvolvido a partir de oficinas formativas, mentorias e produção de conteúdo colaborativa.

As oficinas se dividem em dois eixos. No eixo político, temas como racismo patriarcal, movimento de mulheres negras, reparação histórica e Bem Viver estruturam o debate. No eixo técnico, as participantes serão divididas em dois grupos — jornalistas e estudantes de jornalismo, e comunicadoras de organizações negras — para participarem de oficinas específicas.

O grupo de jornalistas, e estudantes de jornalismo, irá aprofundar temas como jornalismo de dados, relações raciais e de gênero nas editorias, semiótica, entre outros. Já o grupo de comunicadoras-ativistas terá formações voltadas às redes sociais e produção de conteúdo, com oficinas em design, inteligência artificial aplicada à comunicação e escrita criativa voltada à mobilização digital.

Para Naiara Leite, integrante do Comitê Impulsor da Marcha das Mulheres Negras, e uma das formadoras do Lab, a iniciativa exerce um papel importante ao trazer o que o movimento de mulheres negras tem chamado a atenção no Brasil, na América Latina e em toda a diáspora, sobre como as mulheres negras pensam e compreendem reparação. Mais importante ainda, afirma, porque esta agenda é o foco central da segunda Marcha de Mulheres Negras, que se tornou uma marcha global.

“O Lab está conectado com o contexto da luta racial no país, e chama a atenção das comunicadoras sobre o papel delas na luta e na construção de nossa memória. Essa edição do Lab vai trazer temas muito relevantes, inclusive sobre a importância do movimento de mulheres negras no Brasil para a produção de outros imaginários de mundo, novas narrativas e discursos sobre que sociedade a gente quer construir e sobre como cada pessoa negra se encaixa na construção dessa nova sociedade projetada pelas mulheres negras.”, explica.

Ao longo do processo, as selecionadas contarão com mentorias em comunicação estratégica e mobilização digital, e terão apoio para o desenvolvimento de conteúdos autorais, produzidos em duplas, com base nas experiências e vivências de cada uma.

Além de fortalecer a capacidade técnica e política das participantes, o Lab pretende estimular a produção de conteúdos independentes, fortalecendo a mídia negra e iniciativas de comunicação popular e/ou comunitária, e a comunicação das organizações de mulheres negras. O espaço busca ainda estabelecer uma rede de apoio e intercâmbio entre comunicadoras ativistas e jornalistas negras, fomentando a colaboração contínua.

É tempo de falar alto, com afeto, estratégia e tecnologia, em um novo passo na construção de uma comunicação insurgente e comprometida com as lutas por Reparação e Bem Viver. 

O Lab Afirmativa por Reparação e Bem Viver conta com apoio do Fundo VidaAfrolatina e do Fundo SAAP/Fase, por meio do edital Agitando Pensamentos 2025. A iniciativa é realizada em parceria com a Rede de Mulheres Negras do Nordeste e o Comitê Nacional da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver.

Sobre a Afirmativa

A Revista Afirmativa é uma organização de mídia negra fundada em 2014, que atua em torno de três linhas principais: veículo jornalístico multimídia; Organização da Sociedade Civil que constrói o Movimento pelo Direito à Comunicação, Informação e Memória, e o Movimento de Mulheres Negras; e Agência de Comunicação e Jornalismo de Causas, especializada em relações raciais, de gênero e Direitos Humanos.

Em 2020, a Afirmativa promoveu o Lab Afirmativa de Jornalismo – Respeita a Favela!, que a partir de chamada pública selecionou 10 jovens estudantes e profissionais de comunicação recém formados para uma formação técnica e política, teórica e prática, sobre jornalismo em mídia negra. Os produtos dessa experiência foram reunidos no e-book Narrativas Afirmativas em Tempos de Pandemia.

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