Salvador é a capital brasileira onde 100% dos mortos pela polícia são de negros

A Bahia foi apontada como o estado  mais letal, para população negra da região nordeste, de acordo com pesquisa "Pele Alvo: A cor da violência policial", da Rede de Observatórios da Segurança. O estudo mostra que  98% dos mortos pela Polícia Militar em Salvador (BA)no ano de 2020, são de negros.

A pesquisa foi feita em 7 estados, e concluiu que no Brasil uma pessoa negra é morta pela polícia a cada 4 horas

Da Redação

A Bahia foi apontada como o estado  mais letal, para população negra da região nordeste, de acordo com pesquisa “Pele Alvo: A cor da violência policial”, da Rede de Observatórios da Segurança. O estudo mostra que  98% dos mortos pela Polícia Militar em Salvador (BA)no ano de 2020, são de negros. O estado soma  mortes em ações e operações  policiais, sendo 515 pessoas declaradas pretas e 80 pardas, enquanto o número de pessoas brancas tem o total de 11 registros.

O levantamento, divulgado na última terça-feira (14), mostra que no estado, em comparação ao ano de 2019, quando 656 pessoas foram vitimadas letalmente em ações policiais, houve um aumento de 21,08%, em 2020 foram 787. Os dados mostram que em Pernambuco o aumento foi de cerca de 52%, saindo de 74 registros para 113 mortes, em 1 ano.

A pesquisa ainda mostra que, de acordo com uma análise das cidades de todos os estados do país, a cidade com maior letalidade policial para as pessoas negras, se localiza no recôncavo baiano,  em Santo Antônio de Jesus.

Em nota a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) declarou que  os agentes  são  treinados para usar armas letais somente em situações de legítima defesa, após esgotar todas as tentativas de prender suspeitos e que as operações e patrulhamentos diário são promovidos levando em consideração a taxa de crimes e também denúncias de moradores.

O monitoramento aponta ainda que a Bahia teve o maior índice de chacinas da região Nordeste, com 74 registros. Uma das mais recentes aconteceu durante uma festa estilo paredão, no bairro do Uruguai, na Capital Baiana, no último dia 13 de outubro, deixando mais 12 feridos.

A pesquisa foi feita em 7 estados: Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Piauí e Maranhão completam a  pesquisa que traz outra problemática nestes estados, “muitos mortos não têm a cor declarada , o Estado nem mesmo monitora a cor dos mortos pela polícia.”, diz o estudo. As capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo são as duas capitais brasileiras  com maior número de mortes registradas em 2020. O relatório chegou a conclusão de que no Brasil uma pessoa negra é morta pela polícia a cada 04 horas.

Reflexos da Guerra às Drogas

Para  Eduardo Ribeiro, Coordenador geral na Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, os dados demonstram a relação direta da política de segurança pública na Bahia com ações partindo do princípio da lógica do combate a guerra às drogas: “Na verdade é uma guerra contra determinadas pessoas e seus territórios, pessoas negras e que tem como resultado o acirramento das violências em não a diminuição das das exposição das pessoas”, declara.

Para Eduardo, essa é uma opção feita por muitas gestões de governos estaduais de incentivar a  ocupação, disputa territorial e organizar a segurança a partir da imposição da violência. “Esse é um resultado direto de uma política de segurança pública que não prioriza a vida e que baseia as suas ações no negacionismo da segurança, sem investir nos dados, na produção de ciência e na articulação com a universidade e com a sociedade civil, para a busca de soluções”, finaliza.

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