Por Catiane Pereira*
A arte das tranças, cultivada há gerações, acaba de conquistar um marco histórico: a inclusão oficial da profissão de trancista na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sob o código 5161-65. A inclusão reconhece formalmente a atividade exercida por diversas profissionais do país que atuam com embelezamento e identidade cultural por meio dos cabelos.
Com a nova classificação, trancistas passam a integrar o grupo de profissionais dos serviços de estética e beleza, ao lado de cabeleireiros, barbeiros, manicures e maquiadores. A CBO também contempla outras denominações da função, como artesã capilar, trançadeira e profissional das tranças, termos que revelam a pluralidade de saberes e técnicas envolvidas no ofício.
O Projeto de Lei nº 2831/2024 é de autoria da deputada federal Rogéria Santos (Republicanos-BA), com apoio da vereadora Ireuda Silva. As duas atuaram nas articulações com o Ministério do Trabalho para oficializar a inclusão. O reconhecimento também resulta de uma mobilização coletiva de lideranças políticas, sociais e culturais.
Além de valorizar um ofício ancestral, o reconhecimento abre caminhos para a criação de políticas públicas voltadas à categoria, promovendo segurança jurídica, acesso a direitos trabalhistas e estímulo à profissionalização.
Para as trancistas, em sua maioria mulheres negras, esse reconhecimento simboliza mais do que um código: representa dignidade, visibilidade e pertencimento. Um passo firme em direção à valorização dos saberes afro-brasileiros que sustentam a economia criativa e a resistência cultural do país.
*Com informações da Sepromi