UFMG tem primeira defesa de mestrado totalmente em língua indígena 

O mestrando Lucio Maxakalí trouxe a história da escola de seu povo na dissertação
Fachada da Universidade Federal de Minas Gerais- Imagem: Ana Cláudia Mendes / UFMG

Por Késsia Carolaine

No dia 16 de maio, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), localizada em Belo Horizonte (MG), fez história na academia ao ser palco da primeira defesa de dissertação de mestrado totalmente em língua indígena. Lucio Flávio Coelho Maxakali, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Conhecimento e Inclusão Social, apresentou sua pesquisa sobre a história da escola em seu território Tikmũ’ũn (Maxakali), escrita e defendida na língua Maxakali que é o idioma de seu povo. 

Em seu trabalho, Lucio narra as violências sofridas por seu povo com a imposição da escola não indígena, que desrespeitava a língua e a cultura Maxakali. “Os mais velhos contaram que os alunos não queriam ir à escola, porque não podiam participar dos rituais ou aprender com os yãmĩyxop [espíritos ancestrais]”, relata o mestrando.

Atualmente, mesmo com professores indígenas, a escola ainda reproduz estruturas coloniais: o prédio não segue a arquitetura tradicional, o calendário ignora os ciclos Tikmũ’ũn e há docentes não indígenas. Por isso, Lucio e seu povo reafirmam: a verdadeira escola é a Casa de Religião, onde se aprende a língua, a cultura e a relação sagrada com a floresta e o rio. 

“Minha pesquisa é para fortalecer nossa língua, nossa mata e nossa água. Nossa cultura não acabou”, afirma o mestrando, que também é professor. A banca, acompanhada por lideranças Maxakali, simboliza a resistência e a luta por uma educação que respeite os saberes originários.

*Com informações das redes sociais da UFMG

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