Por Patricia Rosa
O Afoxé Filhos de Gandhy retirou de circulação o termo de adesão transfóbico do bloco, onde uma das condições impostas no termo de aceite exige que os associados sejam do sexo masculino e cisgênero. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu uma investigação, nesta segunda-feira (24), contra o bloco pela suspeita do crime de transfobia.
Segundo o MP, a agremiação foi oficiada por e-mail, onde constava a solicitação de informações e esclarecimentos. O órgão aguarda o retorno para adoção das medidas cabíveis. A exigência transfóbica consta na 10ª cláusula do termo.
“De acordo com o artigo 5º do estatuto social, só poderão ingressar na associação pessoas do sexo masculino cisgênero, por isso, a venda do passaporte será apenas para esse público”, diz o termo.

Nesta segunda-feira, o bloco publicou um comunicado nas redes sociais, declarando que o estatuto do bloco reflete a trajetória e os fundamentos da irmandade, que por décadas tem preservado a identidade cultural e religiosa. O bloco convocará uma assembleia geral para discutir o assunto.
“Tradicionalmente, e de acordo com os preceitos religiosos que o regem desde o início, o Afoxé Filhos de Gandhi é formado exclusivamente por pessoas do sexo masculino, de toda raça, credo, cor, religião, orientação sexual, partido político ou classe social. Reconhecemos que a sociedade está em constante transformação e que debates sobre inclusão são fundamentais. Nesse sentido, recolhemos o termo de aceite”, declarou o bloco.
Organizações repudiam a ação do bloco
Entidades como a Atração, o Fórum Trans e Travesti da Bahia, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) e a Transbatukada divulgaram uma declaração conjunta de repúdio: “Homens trans são homens. Isso não está aberto à discussão”, destacaram as entidades.
“A cultura popular deve ser um espaço de inclusão, liberdade e respeito. A exclusão de identidades trans masculinas em manifestações culturais não pode ser tolerada. Transfobia não é tradição, é crime, e assim será tratada”, reforçaram as organizações.