Adolescente de 15 anos morre após ser espancado em abordagem policial no bairro do Uruguai, em Salvador (BA)

Por Patrícia Rosa

Com cartazes e pedidos de justiça, moradores do Bairro do Uruguai, em Salvador (BA), protestaram na última quarta-feira (30) pela morte do adolescente Kauã Araujo dos Santos. Segundo relatos de familiares e manifestantes, o adolescente de 15 anos, foi espancado durante uma abordagem policial no dia 24 de abril. O estudante morreu no Hospital Geral Roberto Santos, cinco dias após o espancamento. 

Kauã morreu às vésperas do dia do seu aniversário de 16 anos, que seria comemorado no dia 30 de abril. Ao Jornal Correio, Nildete Sena, tia de consideração do garoto, relatou que o estudante saiu da escola na manhã daquela quinta-feira com dois amigos em direção a uma igreja católica do bairro, conhecida como ‘igrejinha’. Agentes da PM teriam passado pela frente do local e, sem justificativa, teriam colocado Kauã em uma viatura. A tia do menino ainda relatou que o garoto chegou em casa pálido, que sentia muita dor, e que contou que apanhou muito.

Com o agravamento do quadro, familiares levaram o estudante para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro de Roma, no último dia 26 de abril. No mesmo dia, ele foi transferido para o Hospital Geral Roberto Santos, onde faleceu no último dia 29.

A Polícia Militar declarou, por meio de nota nesta segunda-feira (05), que não há registro de ocorrência envolvendo as características divulgadas, na data e local mencionados.

“O fato em questão passou a ser de conhecimento da unidade por meio de publicações na imprensa. Diante disso, a PM instaurará os procedimentos de apuração pertinentes, conforme preconiza a legislação e os normativos internos”, declarou a PM. 

De acordo com a Polícia Civil, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), investiga as circunstâncias da morte do estudante. 

O adolescente morava com a avó, que só soube da morte do neto dois dias depois. 

Segundo dados do Fórum Permanente pela Redução da Letalidade Policial na Bahia, 97% das pessoas mortas por policiais em Salvador entre 2020 e 2022 eram negras. Dessas, 91% tinham entre 15 e 29 anos, e a maioria foi assassinada em bairros periféricos da capital.

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