Da Redação
Na busca por maior participação política nas eleições municipais de 2024, iniciativa inédita da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a VoteLGBT realizam mapeamento de pré-candidaturas de pessoas LGBTQIAP+ nos estados brasileiros. A ação faz parte da campanha Cidades+LGBT e pode ser acompanhada através do site VoteLGBT.
“Num esforço similar realizado em 2022, encontramos 327 candidaturas declaradamente LGBT+. Com o mapeamento atual, esperamos identificar mais de 800 candidaturas, reforçando assim a urgência da produção de dados sobre nossas lideranças”, destacou Gui Mohallem, da direção executiva do VoteLGBT.
O objetivo também é quebrar o recorde alcançado nas eleições municipais de 2020. Foram ao menos 435 pré-candidaturas LGBTQIAP+ naquele ano, de acordo com dados da Aliança Nacional LGBTI+. Em 2016, o total foi de 256 pré-candidatos.
A produção de dados inéditos sobre lideranças políticas também desponta como demanda imprescindível, facilitando o mapeamento e as necessidades específicas dessas candidaturas. “O sucesso das candidaturas nas capitais se diferencia um pouco do cotidiano das pequenas cidades, onde a eleição é literalmente disputada voto a voto. Além das diferenças regionais que afetam o nível de aceitação, as condições de elegibilidade passam também por questões financeiras e apoio dos partidos”, comentou Bruna Benevides, presidenta da Antra.
Atualmente, o Brasil conta com 29 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com capacidade de disputar as eleições. Desses, 24 legendas concentram pré-candidaturas LGBTQIAP+, que estão sendo mapeadas. Até o momento, a região Sudeste lidera o número de candidaturas (40,6%), seguida pela região Sul (24,4%), Nordeste (23,8%), Centro-Oeste e Norte (5,6%).
“Em julho, os partidos políticos vão decidir quem vai participar das Eleições 2024. Mesmo sendo apenas 1% do total de candidaturas em 2022, as LGBT+ receberam 5% do total de votos. Em média, as candidaturas LGBT+ têm um rendimento muito maior que as candidaturas não-LGBT. Ainda assim, enfrentam grandes obstáculos nos partidos para confirmar suas candidaturas e conseguir financiamento de suas campanhas”, destacou Gui. “Em 2020, os partidos destinaram apenas 6% do teto de gastos para as candidaturas LGBT+. Em 2022, esse número aumentou para 10%, mas ainda é muito baixo e precisa mudar”.