“Tem pessoas que trabalham muito, mas que  têm rendimentos que não cobrem a alimentação” afirma Ana Georgina sobre insegurança alimentar no Brasil

Economista e supervisora técnica do escritório regional do Dieese, Ana Georgina da Silva comenta  2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar  no Contexto da Pandemia da Covid-19 

Economista e supervisora técnica do escritório regional do Dieese, Ana Georgina da Silva comenta  2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar  no Contexto da Pandemia da Covid-19 

Por Patrícia Rosa

Imagem: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas

O quadro de insegurança alimentar está cada vez mais grave no Brasil, em 2022, o total de 116,8 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar. Deste total, cerca de 43 milhões de pessoas não têm alimentos suficiente para atender às necessidades básicas. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar  no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgados quarta-feira (8). A pesquisa foi realizada entre os meses de novembro de 2021 a abril de 2022, em 1.662  domicílios da zona urbana e 518 da zona rural, e foi conduzida pela Rede PENSSAN, com apoio do Instituto Ibirapitanga e parceria de ActionAid Brasil, FES-Brasil e Oxfam Brasil.

O levantamento ainda mostra que, dos lares sustentados por mulheres, 11,1% se encontram em situação grave de insegurança alimentar, enquanto que nos lares sustentados por homens esse número é de 7,7%. Dos lares sustentados por pessoas negras, 10,7% se encontram em situação grave de insegurança alimentar, em contraposição a 7,5% dos lares de pessoas brancas. As regiões com as situações mais alarmantes são a norte com 71,6%, dos atingidos e nordeste com 68%.

Inflação e desemprego agravam a situação

Para Ana Georgina da Silva, economista e supervisora técnica do escritório regional do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a pandemia foi um fator potencializador do aumento da insegurança alimentar no país. “Já tínhamos a fome aumentando mesmo antes da pandemia, é uma combinação de desemprego ou subempregos, de pessoas que não conseguem ser assistidas pelos programas sociais, e isso deixa uma parcela da população em situação de extrema vulnerabilidade”.

Apesar do fator catalisador, Georgina fala de outros fatores, como o aumento da inflação. “A alta da inflação é um fenômeno global, mas no Brasil  a combinação  com o desemprego e redução do alcance das políticas sociais, cria um cenário realmente desolador. Tem pessoas que trabalham muito, mas que  têm rendimentos que não cobrem a alimentação”, ressalta a economista.

Iniciativas da população 

No bairro de São Caetano, em Salvador (BA), Adson Moura Barreto, Glauber Luiz e Robson Moura  são os três idealizadores do projeto, “Ajudar o próximo é nutrir a própria alma”. Adson é proprietário de um bar na comunidade, onde ele também arrecada doações, há 6 anos. “A gente  colocava um som ao vivo e pedíamos o quilo do alimento como couvert”. 

Imagem: Divulgação

Com a pandemia, o trio de amigos fala das dificuldades da ação social: “Após o COVID a gente percebe que vem caindo as doações, muitos que colaboraram, hoje precisam do projeto para ter o alimento”.

O projeto de distribuição de cestas básicas e sopas funciona sem apoio ou financiamento do governo ou outras instituições. Por mês a ação atende cerca de 80 quilos de alimentos.  

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