Da Redação
O diretor de uma escola estadual foi exonerado do cargo no último dia 15 de fevereiro, após denúncias de importunação sexual, assédio moral e racismo, na cidade de Itabuna (BA). Denelísio Nobre estava à frente do Complexo Integrado de Educação Básica, Profissional e Tecnológico (CIEBTEC).
Após a advogada Úrsula Matos realizar duas palestras na instituição, uma sobre violência doméstica e a outra sobre assédio sexual e moral, cerca de 20 estudantes a procuraram e denunciaram as ações abusivas do gestor. A advogada compartilhou com a reportagem da TV Bahia as queixas recebidas dos estudantes acerca das condutas abusivas do gestor. De acordo com as acusações, o antigo gestor teria oferecido dinheiro às estudantes em troca de beijos, a uma das alunas ele chegou a propor R$ 200,00.
O caso aconteceu com uma estudante de 18 anos, que preferiu não ser identificada, e que na época do assédio era menor de idade. Ela contou que durante uma viagem para uma apresentação em uma cidade próxima, o diretor a abordou e questionou sobre a faixa etária das pessoas com quem ela mantinha contato e se ela tinha preconceito contra pessoas mais velhas. Em outro momento, o diretor teria seguido com a importunação e oferecido dinheiro para que ela o beijasse. A aluna ainda relatou que buscou ajuda do Núcleo Territorial de Educação do Litoral Sul – NTE 05, mas que não recebeu a devida atenção. “Eu procurei o NTE e ninguém deu a mínima.”
O ex-aluno da instituição,Matheus Marcel Santos, de 18 anos, denunciou à reportagem que, durante uma reunião a portas fechadas, ocorrida no ano passado, ele teria sofrido racismo.
“Eu já sofri racismo desse mesmo diretor em uma reunião, enquanto tentava solucionar problemas da instituição. Ele me comparou, de forma depreciativa, com negrinhos da África que passam fome. Ele quis dizer que, por eu e minha prima sermos negros, nós passamos fome. E isso não podemos aceitar”, declarou Matheus.
A Secretaria de Educação do Estado da Bahia informou através de nota que um processo está em curso para a apuração das denúncias. Através de uma nota conjunta, a UEE- União Estadual dos Estudantes e a UMES-União Municipal dos Estudantes de Ilhéus, lançaram uma nota de repúdio conjunta nas redes sociais e manifestaram seu apoio aos alunos do CIEBT.
“Não podemos nos calar diante de um suposto fato gravíssimo. Está cada vez mais evidente que a diretora do NTE 05 supostamente estava ciente dos fatos, mas atuou para proteger seu amigo pessoal, e agora ex-diretor, isso é inaceitável. Nenhum gestor público pode se colocar acima da justiça e do bem-estar dos estudantes”, declarou a União Estadual dos Estudantes.
O caso está sob investigação em segredo de justiça, pela Delegacia Territorial(DT), de Itabuna.
