Fóruns Populares de Segurança Pública do Nordeste vão a Brasília cobrar ações concretas do poder público

 Para os Fóruns Populares, a pressão é urgente porque Governo e Congresso ignoram o genocídio da população negra e pobre e mantêm políticas marcadas por racismo, militarização e ausência de prevenção.
Imagem: Gutemberg Santana

Texto: Divulgação 

Desde a última segunda-feira (12), representantes do Fórum Popular de Segurança Pública do Nordeste (FPSP-NE) estão em Brasília (DF) para realizar uma série de encontros com autoridades e membros do poder público.. O objetivo do FPSP-NE, que é fruto de uma  articulação de organizações da sociedade civil e movimentos sociais —, é pressionar o poder público para que a segurança pública seja tratada com prioridade e responsabilidade nos territórios nordestinos, a partir das vivências e demandas da população.

Com encerramento nesta quinta-feira (15), a agenda incluiu reuniões estratégicas com deputados, senadores e representantes de diversos ministérios. O foco é apresentar propostas construídas a partir das experiências dos territórios e reivindicar políticas públicas estruturantes e participativas para o enfrentamento da violência na região.

Já foram realizados encontros para articulações políticas com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), a Secretaria de Acesso à Justiça (SAJU), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (SENAD), a Coordenadoria-Geral de Combate à Tortura (CGCT), entre outros órgãos.

De acordo com o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a região Nordeste registra uma taxa de mortes violentas intencionais 60% superior à média nacional. Bahia e Sergipe, em especial, estão entre os estados com as polícias mais letais do país. O Atlas da Violência 2025, divulgado na segunda-feira (12), reforça esse cenário: as regiões Norte e Nordeste concentram os maiores índices de homicídios no Brasil, afetando de forma desproporcional a população negra.

“Estamos realizando reuniões estratégicas, dialogando com gestores e tomadores de decisão do Executivo e do Legislativo federal. É uma oportunidade de dar visibilidade a outro modo de pensar a segurança pública — construído de baixo para cima, a partir das vivências e saberes das comunidades que mais sofrem com a violência e a ausência do Estado” afirma Edna Jatobá, cientista social e integrante do Fórum Popular de Segurança Pública do Nordeste.

A escolha por Brasília foi estratégica: facilita o diálogo com ministérios, parlamentares e órgãos federais, além de evidenciar, diretamente ao poder público, as experiências e urgências da população nordestina diante dos alarmantes índices de violência. 

Desde 2019, o Fórum Popular de Segurança Pública do Nordeste promove conferências populares na região, passando por estados como Pernambuco (2019) e Piauí (2023), com o objetivo de ampliar e descentralizar o debate por meio de encontros territoriais. O movimento busca fortalecer a incidência política de forma autônoma e participativa, defendendo que as contribuições da sociedade à segurança pública sejam acolhidas em espaços institucionais.

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