Por Karla Souza
Na tarde da última quarta-feira (21), um idoso de 60 anos foi baleado durante uma ação da 40ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) no bairro Santa Cruz, parte do Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador (BA). A vítima foi socorrida e está internada no Hospital Geral do Estado (HGE).
Em nota, a PM afirmou que três indivíduos armados efetuaram os disparos e fugiram do local. “Segundo relato da equipe, não houve revide por parte da guarnição diante da ação dos criminosos”, diz o comunicado.
Mas o episódio não é isolado. Em março deste ano, Maria de Jesus da Silva, de 87 anos, foi baleada dentro de casa enquanto almoçava, também no Nordeste de Amaralina. A idosa morreu no dia seguinte, no HGE. Moradores relataram que os tiros partiram de policiais que atiraram na rua durante uma operação.
A recorrência de casos como esses evidencia um padrão. Bairros como Nordeste de Amaralina, Gamboa de Baixo, Tancredo Neves, Fazenda Coutos, Águas Claras, Cosme de Farias, Lobato e Pau Miúdo, todos com maioria de população negra, estão submetidos a uma política de segurança pública que opera sob a lógica do racismo. As ações são marcadas por operações ostensivas, violações de direitos e ausência de responsabilização.
Foi em resposta a esse contexto que, no dia 25 de abril, movimentos de mães de vítimas, organizações de juventude negra e coletivos de mulheres negras realizaram um ato em frente à Secretaria de Segurança Pública (SSP), no Centro Administrativo da Bahia (CAB).
Segundo levantamento do Instituto Fogo Cruzado, Salvador é hoje a cidade que lidera o mapa da violência armada no Brasil. Das 13 chacinas registradas entre janeiro e abril deste ano na Região Metropolitana, oito tiveram participação direta de agentes do Estado. Ao todo, 53 pessoas foram mortas.